Estomatologia e doenças das glândulas salivares

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A Estomatologia é a especialidade da medicina que se ocupa da prevenção, diagnóstico e tratamento das doenças médicas e cirúrgicas do aparelho estomatognático. Essas doenças podem manifestar-se em qualquer idade, tendo uma causa local ou sendo a manifestação de patologias ou terapêuticas sistémicas.

O aparelho estomatognático é o conjunto de estruturas relacionadas com a boca, sejam elas intra-orais ou extra-orais. É constituído pelas várias porções da boca (ex.: lábios, dentes, gengiva, maxilares, mucosa oral e língua), assim como pela articulação temporo-mandibular (ATM) e pelas glândulas salivares (GS).

Para além dos problemas mais comuns, que afectam os dentes (ex.: cáries) e as suas estruturas de sustenção (ex.: periodontite), a patologia estomatológica inclui as doenças da mucosa oral e dos ossos maxilares.

Entre estas patologias, encontram-se as doenças das glândulas salivares. A patologia salivar mais frequente é a inflamatória (sialoadenite), por vezes associada à presença de um cálculo num canal salivar. A falta de distinção com outras situações, nomeadamente problemas dentários, pode originar um tratamento inadequado e a persistência do problema, pelo que o seu diagnóstico eficaz, através de exames adequados, é muito importante.

As principais manifestações de problemas das glândulas salivares são a tumefação (glândula “inchada”) e/ou o desconforto/dor. Esta apresentação clínica dá-se nas localizações das glândulas: nas regiões parotídea, submandibular ou sublingual, tal como em qualquer localização da boca onde existam glândulas salivares menores (ex.: lábios e palato).

Um dos principais exames para diagnóstico de patologia das glândulas salivares é a sialografia, um meio complementar de diagnóstico radiográfico, minimamente invasivo, que permite a visualização indireta do sistema excretor das glândulas salivares parótidas e/ou submandibulares, importante no diagnóstico de patologia obstrutiva (ex.: litíase), mas também útil em alterações da secreção (ex.: xerostomia) ou em doenças inflamatórias (ex.: S. Sjögren).

Como se realiza a sialografia

É um exame executado numa sala com um equipamento de radiologia próprio, somente com recurso a anestesia tópica (em spray). Com o doente em decúbito dorsal (deitado de costas), procede-se à introdução de um cateter no orifício excretor da glândula a avaliar, e em seguida, à administração de um produto de contraste (líquido opaco aos RX, habitualmente iodado).

O exame é constituído por duas etapas. Na primeira etapa, ela própria dividida em dois tempos, são realizadas duas radiografias simples da face (frente e perfil) e, depois, são realizadas duas a quatro radiografias após a introdução do contraste. Na segunda etapa, após estimulação salivar, são realizadas mais duas radiografias. Este último passo permite avaliar a função glandular.

Cuidados e recomendações

A sialografia pode ser realizada em qualquer idade; necessita, contudo, da colaboração do doente (nas crianças, habitualmente após os 6 anos). Não deve ser realizado em situações de (suspeita de) gravidez, pela exposição a radiação ionizante. Não requer qualquer tipo de preparação específica, embora seja útil a abstenção alimentar de duas horas e uma adequada higiene oral prévia.

No total, o exame tem uma duração habitual inferior a 30 minutos, dependendo fundamentalmente da maior ou menor dificuldade de cateterização do canal. Após o término da técnica, é aconselhada a massagem da(s) glândula(s) avaliadas, por forma a promover a drenagem do meio de contraste. Não há qualquer tipo de impedimento nas atividades subsequentes.

A sialografia é um exame realizado no Hospital de Santa Maria – Porto pelo Dr. Tiago Fonseca, médico especialista em Estomatologia.

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