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A Doença de Parkinson é uma doença neurodegenerativa, que pode causar várias alterações funcionais, nomeadamente do movimento (tremor e/ou acinesia), alterações do olfato, alterações do sono e, eventualmente, quadros de demência. Considera-se que estas alterações funcionais, nomeadamente as do movimento, são causadas pela morte de certas células cerebrais (os neurónios) localizadas numa área específica, a “substância nigra”, onde é produzida a dopamina, substância responsável pelos nossos movimentos e pelo modo como nos movimentamos. A perda progressiva desta substância origina alterações funcionais com lentidão de movimentos – a bradicinesia (dificuldade na iniciação dos movimentos acompanhada de lentidão na sua execução) e o tremor, que usualmente é assimétrico e em repouso. Há também certa rigidez articular que pode causar outros problemas, como as alterações posturais, que podem provocar desequilíbrio e queda.
Por vezes há dificuldade em distinguir a Doença de Parkinson de outras doenças com tremor, como o “Tremor Distónico” e o “Tremor Essencial”. Nestas circunstâncias é importante a realização de exames como a Tomografia por Emissão de Fotão Único (SPECT) e avaliar se há bradicinesia e, se possível, pesquisar se há défice dopaminérgico além da bradicinesia.
O “Tremor Distónico é um tremor irregular, ao contrário do “Tremor Essencial”. Para um diagnóstico diferencial, além da avaliação clínica pode ser necessário realizar um electromiograma (EMG), para caracterizar melhor o tremor. Já a acinesia pura tem sido associada à Paralisia Spranuclear Progressiva (PSP).
Parece que a intensidade da rigidez e da bradicinesia estão correlacionados com o defice dopaminérgico contralateral e que o tremor de repouso tem uma base mais complexa. No entanto, a associação entre tremor de repouso e outros sinais da “Doença de Parkinson” são mais importantes que a relação entre rigidez e bradicinesia. A perda de olfacto nestes pacientes, por exemplo, pode ser uma das primeiras manifestações do processo neurológico envolvido nesta doença (J. Neurol 2022).
As perturbações do sono são também outro problema da Doença de Parkinson e são similares às alterações de parasónia, com movimentos oculares rápidos, perda do tónus muscular e contraturas durante o sono. Pensa-se que estas alterações podem ter relação ou estar associadas às “sinucleinopatias” – Doença de Parkinson e Doença de Corpos de Lewy – e parece haver uma relação entre a perturbação do sono com mais movimentos oculares rápidos e as alterações cognitivas da Doença de Parkinson em doentes sem quadro demencial. Os doentes de Parkinson com esta perturbação do sono, apresentam mais alterações da memória episódica, das funções executivas e da percepção visual, assim como visuoespacial. Isto prova que há uma relação entre esta perturbação do sono, os movimentos oculares rápidos e as alterações cognitivas em pacientes sem demência.
As manifestações da Doença de Parkinson não são uniformes – usualmente os pacientes procuram o médico pelo tremor: manifesta-se em repouso e diminui com o movimento, inicialmente é unilateral, das mãos, embora haja formas sem tremor, mas com lentidão de movimentos. Vemos, nessa altura, pacientes a arrastar os pés, com um facies parado, apresentando um ar triste e deprimido, com a voz mais baixa e também mais lenta. Têm com frequência dificuldades a movimentarem-se no leito, e acordam na mesma posição em que adormeceram.
Ainda não há certezas quanto à etiologia desta doença, e ainda não há cura, mas há muita investigação nesta área e muitos dos fármacos de que dispomos conseguem controlar as manifestações clínicas da doença, nomeadamente o tremor. No entanto, nem sempre é fácil a escolha do, ou dos, fármacos mais adequados a toda a situação clínica do paciente, consoante a fase da doença, o estilo de vida, o seu estado clínico global. É necessário ir adaptando a medicação a possíveis variações dos sintomas, sendo por vezes necessário alterar o horário da toma ou da aplicação de fármacos, de acordo com a clínica do dia. É necessário ter em linha de conta a evolução dos sintomas mais perturbadores, as interações com outros medicamentos que o paciente tenha de utilizar, o seu estado mental, e mesmo os efeitos colaterais de alguns dos novos fármacos, que podem causar eles próprios alterações psiquiátricas e psicológicas, ou agravar as alterações que com maior frequência já podem existir nestes doentes, de que destaco as perturbações do sono, os quadros depressivos e/ou psicóticos, ou de delírio.
Alguns dos fármacos de que dispomos, têm já muito tempo de utilização, mas agora dispomos de novos fármacos que podem ser usados em várias formulações – em comprimidos, aplicados em adesivos cutâneos, em injeções no abdómen ou em infusão direta no intestino por sonda. Além do tratamento médico, dispomos de tratamento cirúrgico, com indicações precisas, e eficaz em muitos casos.
Muitas das queixas dos pacientes podem também ser diminuídas com apoios adequados ao nível da Psicologia, da Psiquiatria, da Fisiatria com grande sucesso, ou com outras terapêuticas mais específicas quando se manifestam as alterações da deglutição, do sono, da marcha e do equilíbrio.
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