Artrose da anca nos jovens desportistas

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O Conflito Femoroacetabular (CFA) é a causa frequente de disfunção da anca, sendo um conceito relativamente novo que tenta explicar o aparecimento de artrose nos indivíduos jovens, entre os 20 e os 50 anos de idade. É causado por um contacto anormal entre a transição do colo do fémur e o rebordo do acetábulo, que causa dor, desconforto, mobilidade limitada, lesão do labrum (uma espécie de anel fibroso que circunda o rebordo acetabular e serve de vedante do líquido articular) e degeneração da cartilagem articular que leva à artrose da anca.

No Conflito Femoroacetabular há alterações morfológicas femorais e/ou acetabulares (alterações da forma, da configuração) que criam um problema de espaço, levam à desorganização da articulação e à consequente artrose da anca. Trata-se da causa de dor na anca mais frequente nos adultos jovens, nomeadamente nos desportistas – em especial bailarinos, praticantes de artes marciais, futebolistas, corredores – ou praticantes de atividade desportiva intensa na adolescência, pelo impacto de repetição entre o colo do fémur e o rebordo acetabular.

Cerca de 15% das pessoas da população geral têm deformidade da anca e podem vir a sofrer de CFA.

QUEM SOFRE DE CFA E QUAIS OS SINTOMAS

O CFA é mais frequente em adultos jovens (20 a 50 anos) de ambos os sexos, especialmente em atletas e desportistas.

O paciente queixa-se de dor na anca (região inguinal, região do grande trocânter, região nadegueira, na coxa ou no joelho, dor em “C”) viva ou surda, intermitente, com evolução de meses ou anos, com duração de minutos a horas, sensação de apreensão ou desconforto na anca, a dor ou o desconforto aparece ou agrava-se ao efetuar atividades desportivas que requerem movimento de flexão-adução-rotação interna, após flexão mais ou menos ampla e prolongada (estar sentado em sofás baixos, etc), ou na deflexão (ao levantar e começar a andar, após período de estar sentado). A dor também pode ter início após pequeno trauma ou após atividades desportivas, existindo igualmente história de bloqueios ou pseudo-bloqueios da anca (ficar com a anca presa).

COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO

O diagnóstico é feito com base nas queixas do paciente, no exame clínico realizado pelo médico e nos exames complementares de diagnóstico (exames imagiológicos: radiografias, ressonância magnética, entre outros).

O médico ortopedista realiza um exame físico no qual avalia se há limitação das mobilidades da anca, particularmente na rotação interna e na adução com a anca em flexão. O teste do conflito é, normalmente, positivo (dor na anca despertada com a compressão em rotação interna e adução ou em hiperextensão e rotação externa).

Nas radiografias há alterações morfológicas ósseas da transição da cabeça-colo do fémur e/ou do acetábulo, enquanto na Ressonância Magnética Nuclear (RMN) há lesão do labrum ou da cartilagem.

Nos casos mais complexos e secundários a lesões traumáticas pode ser necessária a realização de uma Tomografia Axial Computorizada (TAC) e o médico poderá ainda considerar a realização de uma artroscopia da anca, nos casos em que persistem dúvidas no diagnóstico de CFA e após realização dos exames imagiológicos.

TRATAMENTO DO CONFLITO FEMOROACETABULAR

Geralmente o tempo de intervalo entre o aparecimento dos sintomas e o diagnóstico é longo, dando lugar a um tratamento médico habitualmente ineficaz (medicação, fisioterapia, etc.) e alguns dos pacientes já foram operados a outras patologias (hérnias, pubalgia, etc.), porque o diagnóstico de CFA não foi feito atempadamente.

Tratamento conservador:
  • Mudança de hábitos, posições, diminuição/alteração da atividade física e desportiva, que geralmente causam os sintomas.
  • Toma de de anti-inflamatórios e analgésicos.
  • Fisioterapia – programa focado no controlo da dor, reforço muscular e treino proprioceptivo.
  • Injeções intra-articulares (analgésico, ácido hialurónico, plasma rico em plaquetas).
Tratamento cirúrgico:

Com o tratamento cirúrgico reparam-se as lesões do labrum e da cartilagem e removem-se as dismorfias ósseas. A dismorfia anterolateral (bossa) da junção cabeça-colo, tipo “CAM” (deformidades do colo femoral), é tratada removendo o osso em excesso (femoroplastia), permitindo o restabelecimento da esfericidade da cabeça do fémur e da concavidade normal da junção cabeça-colo.  Na sobrecobertura acetabular, tipo “pincer”, resseca-se o rebordo acetabular em excesso e reinsere-se o labrum após ter sido regularizado. O tratamento cirúrgico só está indicado quando houver dor e limitação na articulação da anca. As alterações morfológicas, só por si, não justificam o tratamento cirúrgico. O objetivo do tratamento cirúrgico é aliviar a dor, melhorar a mobilidade e evitar a progressão das alterações da articulação da anca no desenvolvimento da artrose.

Existem três técnicas cirúrgicas (tipos de cirurgia) utilizadas no tratamento do CFA:  artroscopia, a chamada técnica mista de Ribas e a cirurgia aberta com luxação segura.

RECUPERAÇÃO

A recuperação é relativamente simples e tem bons resultados.

Inicia-se logo após a cirurgia: aplicação de gelo local, medicação (anti-inflamatório e analgésico, profilaxia do tromboembolismo e do aparecimento de ossificação heterotópica).

O paciente anda com canadianas durante uma a três semanas, mas não está proibido de fazer carga total no membro operado. São-lhe permitidos todos os movimentos da anca com limites para a flexão, que não deverá passar além dos 70 a 90 graus, as rotações não devem ultrapassar os 20 graus e a extensão não deve passar os zero graus, durante três a quatro semanas.

Em casa, o paciente deverá mobilizar a anca, deverá tomar a medicação prescrita não esquecendo a medicação da profilaxia do tromboembolismo e da profilaxia do aparecimento das ossificações heterotópicas. O penso será mudado só se necessário e os pontos são retirados aos 8-10 dias.

A fisioterapia de recuperação funcional deverá iniciar-se logo após a cirurgia e segundo programa adequado à recuperação desta patologia.

Ao fim de dois meses a generalidade dos pacientes estará completamente recuperada e os atletas, se seguirem com rigor o plano de recuperação, estarão aptos a regressar à competição ao fim de três meses.

SEGUIMENTO PÓS-OPERATÓRIO

Cuidados de penso, acompanhamento da cicatrização das feridas operatórias e seguimento da recuperação funcional. Futuramente serão realizados exames de controlo de regressão das deformidades e de vigilância da doença.

APONTAMENTO FINAL

Que o tratamento do Conflito Femoroacetabular da anca possa atrasar ou evitar o desenvolvimento da artrose, é uma pergunta que num futuro que se crê próximo poderá ser respondida, no entanto tudo leva a crer que sim.

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