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A pneumonia é uma importante causa de morbimortalidade a nível mundial e consiste numa inflamação do pulmão causada, geralmente, por bactérias ou vírus que se transmitem por contato direto, através de gotículas de saliva ou secreções, especialmente em ambientes fechados ou com aglomeração de pessoas, que facilitam a disseminação dos agentes infeciosos. Os sintomas mais comuns, geralmente de instalação rápida, são: febre, arrepios de frio, tosse, expetoração purulenta, dificuldade respiratória, dor torácica, dores musculares.
O diagnóstico clínico muitas vezes tem de ser complementado com análises sanguíneas, exame da expetoração e – obrigatoriamente – RX do tórax (para a sua confirmação). A doença pode ser tratada, através da administração de antibióticos, repouso e hidratação oral abundante.
A questão é que o seu agente causador, o Streptococcus pneumoniae, conhecido como “pneumococo”, é uma das principais causas de infeções respiratórias, como a Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC), otite aguda e sinusite. O pneumococo pode invadir locais estéreis do corpo humano e causar Doença Invasiva Pneumocócica (DIP), como a meningite, bacteriémia, sépsis e pneumonia bacteriémica.
Atualmente, existem mais de 100 serotipos da bactéria identificados, sendo que apenas um grupo restrito destes é responsável pela maioria dos casos de doença grave.
A DIP é uma doença de risco elevado nos extremos de idade: crianças pequenas (< 2 anos de idade) e adultos mais velhos (≥ 65 anos), assim como em pessoas com comorbilidades associadas, como são a utilização/consumo de drogas, hábitos tabágicos, infeção por VIH, doença oncológica, transplante de medula óssea e de órgãos sólidos, imunodeficiências congénitas, nefropatias, cardiomiopatias, hepatopatias, neuropatias, pneumopatias (incluindo fibrose quística e asma), Síndrome de Down e diabetes mellitus, entre outras.
Atualmente, existem vacinas pneumocócicas aprovadas que permitem reduzir a carga de doença e apresentam um bom perfil de segurança e tolerabilidade (sendo muito raros os efeitos colaterais graves), conferindo uma imunidade robusta e duradoura.
Embora o número de casos tenha vindo a decrescer na era pós-vacinal, ao nível dos cuidados de saúde em Portugal as pneumonias são a principal causa de hospitalização que pode potencialmente ser prevenida. Com efeito, as pneumonias representam cerca de 30% das hospitalizações, com uma taxa de mortalidade global de cerca de 25% (sendo superior nas pessoas com idade acima de 75 anos).
É importante estarmos conscientes de que a pneumonia é uma doença séria e potencialmente fatal se não identificada e tratada atempadamente, pelo que é fundamental um diagnóstico precoce e consequente tratamento adequado.
A vacinação é um direito e um dever dos cidadãos, participando ativamente na decisão de se vacinarem, com a consciência que estão a defender a sua saúde e a dos outros, demonstrando boas práticas de cidadania. Vacinar contra a pneumonia é, portanto, também uma responsabilidade e um ato de solidariedade.
Cabe, assim, aos profissionais de saúde sensibilizar para a importância da prevenção da doença pneumocócica, através da vacinação de toda a população de risco acrescido, e cabe ao doente procurar ajuda médica o mais atempadamente possível, em caso de sintomas como os referidos acima.
Dr. José Carlos Carneiro | Pneumologista
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