Prevenir as doenças do coração no pós-Covid-19

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As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte em Portugal, sendo responsáveis por mais de um terço da mortalidade total. Antes da pandemia da Covid-19 cerca de 100 pessoas por dia morriam devido a patologia cardiovascular. A tendência dos últimos anos mostra uma progressiva redução da mortalidade devida a acidentes vasculares cerebrais (AVC) e, em menor escala, a enfartes do miocárdio. Por outro lado, a insuficiência cardíaca e a fibrilhação auricular são patologias em crescimento.

O estilo de vida das populações, que se tornaram mais sedentárias, substituindo nos tempos livres das crianças e dos jovens as atividades desportivas e de ar livre por atividades “no ecrã” é um dos principais responsáveis pela epidemia de obesidade também infantil que se espalha no nosso país. A inatividade física confere um risco semelhante ao da obesidade e do tabagismo. A atividade física regular reduz o risco de ataques cardíacos em mais de 30%. Este benefício pode ser comparável ao obtido com a terapêutica redutora do colesterol, porque aumenta o colesterol HDL também chamado “colesterol bom” (e é conhecida a relação inversa entre os níveis do colesterol HDL e o risco de doença cardiovascular).

É igualmente uma das melhores maneiras de reduzir a tensão arterial, particularmente em indivíduos com tensão arterial um pouco elevada. Em média, a prática regular de atividade física aeróbica reduz a tensão arterial sistólica em cerca de 10 mmHg e a diastólica em 5 mmHg, o que é suficiente para normalizar os valores da tensão arterial em grande número de indivíduos com tensões ligeiramente elevadas.

Os portugueses são o povo da União Europeia que se destaca em todos os inquéritos por ser aquele que menos atividade física pratica. Em muitos indivíduos, o excesso de peso e obesidade devem-se mais à inatividade física do que aos excessos alimentares. A atividade física aumenta a sensibilidade dos tecidos periféricos à insulina, o que melhora o metabolismo da glicose, ajudando deste modo a prevenir a diabetes. É igualmente uma forma de controlar os níveis de stress, os quais contribuem para aumentar o risco de AVC, enfarte ou hipertensão arterial. Vários estudos demonstram que a atividade física diminui a ansiedade e a depressão, promovendo a sensação de bem-estar e a saúde mental. Está hoje claramente provado que a atividade física retarda o processo de envelhecimento, sendo atualmente uma das poucas medidas eficazes, a par com a restrição calórica, a propiciar um aumento não só da longevidade como da qualidade de vida. É importante abandonar hábitos alimentares sem interesse nutricional, como os alimentos processados, com elevados níveis de açúcar, sal e gorduras saturadas, refrigerantes, doces e hidratos de carbono refinados (massas, pizzas, pão) e aumentar o consumo de alimentos naturais, ricos em nutrientes, de forma a manter a saúde e a vitalidade: frutas, vegetais, frutos e frutas secas, sementes oleaginosas, tubérculos, cereais integrais, peixes gordos e frutos do mar, algas e germinados.

As doenças cardiovasculares e a Covid-19

Neste primeiro ano da pandemia viral, o número de mortes por doença cardiovascular voltou a crescer, contribuindo para o significativo aumento de mortes não-Covid, certamente motivado pelo cancelamento e adiamento de consultas, tratamentos e internamentos. As doenças cardiovasculares são um fator de risco importante para o desenvolvimento de complicações graves para esta nova causa de morte: a Covid-19. Nos doentes cardíacos não tem surgido aumento de complicações após a vacinação, mesmo nos doentes mais frágeis com insuficiência cardíaca, uma das formas mais graves de doença cardiovascular.

As pessoas que praticavam exercício antes de contrair a Covid-19 deparam-se com novos desafios ao retornar aos treinos. Isso porque a infeção causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) pode deixar sequelas que prejudicam a prática de atividade física, como cansaço, fraqueza muscular, confusão mental e dificuldades para dormir. Há ainda o risco de ter um problema sério devido a danos no coração e pulmões.

Mas mesmo que tenham permanecido alguns problemas após a Covid-19, não deve haver receio de retomar a atividade física, desde que com orientação médica. Fazer isso o quanto antes é mesmo uma maneira de minimizar algumas sequelas e recuperar a qualidade de vida. A prática de exercício pode ajudar a acelerar a recuperação do organismo pois estimula a imunidade, aumentando a quantidade de células de defesa do sistema imune e tornando-as mais eficientes no combate às doenças. Além disso, o efeito anti-inflamatório crónico do próprio treino é importante para combater a inflamação sistémica causada pela Covid-19.

Regresso à atividade desportiva após a Covid-19

O treino “terapêutico” deve ter uma carga adequada, pois tem o objetivo de melhorar a saúde e não o desempenho físico. Antes de colocar a roupa de ginástica, quem teve Covid-19 deve fazer um “check-up” para avaliar o estado de saúde cardíaco e respiratório. Isso é válido até mesmo para quem só apresentou sintomas ligeiros e não ficou com sequelas. No estudo cardiovascular são indicados o Eletrocardiograma de repouso, nas formas mais ligeiras e sem necessidade de internamento. O Ecocardiograma, o Holter de 24 horas (caso haja suspeitas de arritmia) e a Ressonância Cardíaca quando há suspeita de miocardite (inflamação do músculo do coração ou miocárdio) podem também justificar-se. O teste de esforço é igualmente importante para entender como o coração reage ao esforço físico e indicar a frequência cardíaca segura para o exercício.

Depois, o ideal é esperar cerca de 14 dias após o desaparecimento total dos sintomas e evitar no início atividades físicas intensas, que elevam muito a frequência cardíaca, justamente porque há maior dificuldade no fornecimento de oxigénio ao corpo. Não é prudente fazer sessões de alta intensidade em que é difícil dosear o esforço. A recomendação é focar-se no trabalho de fortalecimento muscular para evitar a perda de massa magra e garantir a funcionalidade nas atividades do dia a dia (sentar, levantar, subir escadas e carregar sacos), sem exigir muito da parte respiratória.

No caso das pessoas que antes da infeção já tinham atividade física regular, uma boa medida é inicialmente reduzir cerca de 50% a duração e intensidade do exercício e recuperar em incrementos regulares (por exemplo semanais) os níveis de exercício prévios à infeção.

As pessoas sem hábitos anteriores da prática de exercício devem iniciar a prática com exercícios (por exemplo caminhada em terreno plano) em que se sintam confortáveis e aumentar a duração e intensidade a um ritmo progressivo. É fundamental estar sempre atento ao corpo. Qualquer sintoma novo deve ser motivo para suspender o exercício e consultar o médico assistente.

O mais importante é sentir-se bem e conquistar mais anos de uma vida saudável, com melhor qualidade física e mental.

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